"Mude, mas comece devegar, porque a direção é mais importante que a velocidade"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A incrível história da menina que perdeu o amor no desastre do Haiti

"Eu vou fazer você feliz!" Assim terminava o último SMS que Felipe mandou pra Camila antes de embarcar para o Haiti. O garoto de 22 anos sempre quis ser soldado, como seu avô, e encontrou nessa viagem a oportunidade perfeita para realizar o sonho de ajudar as pessoas. "Ele participou de algumas missões superimportantes como soldado. Acho que muita gente não teria a coragem que ele teve", conta Camila.
A história dos dois começou há muito tempo: "Estudamos no mesmo colégio por quatro anos. Eu achava ele bem bonitinho e sempre trocamos olhares. Apesar disso nunca tivemos a chance de conversar." A iniciativa só veio um ano depois, quando, durante uma balada, Felipe pediu o telefone de Camila. No dia seguinte ele ligou. "Eu me assustei quando ouvi ele dizendo que não sabia por quê, mas sempre gostou de mim". As ligações continuaram durante uma semana e Camilanão resistiu: aceitou o convite para sair com o garoto.
"Foi o passeio mais perfeito da minha vida!". Eles foram a um barzinho, conversaram, riram, descobriram que tinham muito em comum e, no fim da noite, na hora de dizer tchau, rolou o primeiro beijo. "Ele perguntou se minha mãe estava em casa e disse que precisava falar com ela". Felipe pediu Camila em namoro para a sogra no mesmo dia.
Junto com a felicidade daquele momento, também veio uma noticia que deixou a menina preocupada. Felipe viajaria em missão para o Haiti dois dias depois. "Nunca pensei na hipótese de ele não voltar. Seriam só seis meses longe." Para aproveitar o tempo que restava, o casal naõ se desgrudou. "Vivemos momentos lindos juntos. Ele dizia que me amava o tempo todo." Antes de embarcar, Felipe lotou o celular da namorada com SMSs fofos. A intenção era fazer com que a menina soubesse que, mesmo longe, ele estaria pensando nela.
Junto com a bagagem, Felipe levava um laptop. "Passavamos todas as madrugadas online, falando sobre o modo de vida haitiano. Também dizia coisas muito fofas, falava até em casar."
O únic momento em que eles naõ se falavam era quando Felipe estava em Porto Principe, onde naõ pegava internet. "Eu ficava angustiada, imaginando o que ele estaria fazendo" Muitos dias riscados no calendário depois, chegara a hora da contagem regressiva para a volta. Era segunda e Felipe voltaria na quinta. Eles se falram mais tempo que o normal porque no dia seguinta Felipe iria para Porto Principe.
No outro dia ao chegar em casa, Cami recebeu a noticia de que um terremoto muito forte tinha atingido a região onde Felipe estava. "Eu era a unica que sabia que ele estava lá. Meu coração ficou apertado e eu senti que algo muito ruim tinha acontecido".  A mãe de outro soldado, conseguiu falar com o filho que informou sobre o possivel paradeiro de Felipe: ele estaria bem, internado num hospital. Mas a alegria de Camila durou pouco. Às 9 da noite, soldados do quartel foram até a casa da familia para avisar pessoalmente que o garoto tinha morrido. " Nunca fiquei tão desesperada! Meu coração estava certo: era a confirmação de que meu amor nunca mais voltaria." O desastre matou  pelo menos 75 mil pessoas.
Os planos de Cami de abraçar o namorado e poder dizer pessoalmente de novo o quanto o amava, viraram sonhos. E hoje, poucos dias depois, ela ainda naõ sabe como seguir a vida, mas se conforta dizendo: "Prefiro pensar que Felipe fez o bem para várias pessoas e cumpriu sua missão. Ele agora é um herói."

- extraído da revista Capricho, edição 1089, 31 de janeiro de 2010

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